23/12/2011

apanharam-me na curva.

andei aqui a respirar fundo de cada vez que lia um post natalício ou anti-época, a conter este merry-go-round que me assalta de cada vez que percebo que alguém não partilha desta genuína felicidade que sinto sempre que se aproxima do natal, até hoje, depois do almoço entre colegas bem regado a branco (que o tinto não me dá para estas lamechices), altura em que me apresento perante vós, mea culpa, mea grande culpa, assumindo esta meninice, esta infantilidade, esta imensa vontade de vos dizer que sim, amo o natal, amo o natal de forma visceral,  e é inato, não há nada a fazer senão aproveitá-lo. e que bem que o tenho aproveitado ao longo de toda a vida.
e é para esquecer o discurso do costume acerca do consumismo e tretas do género porque só dá importância ao facto de somenos importância. eu quero o natal com tudo o que tenho direito: mais de 30 familiares reunidos à mesa durante cerca de 8 dias seguidos, comida a granel, ruído ensurdecedor, ervilhaca e licor de leite, conversas banais com menos de 3 minutos dedicados a cada familiar, com muita bebida, com muita criança mimada e mal-educada às corridas e berros pela casa, com muita birra, luzes a piscar, presépios com cascatas feitas em papel de prata, abraços, muito frio lá fora e calor cá dentro, com karaoke, peças de teatro, poesia, dança de gipsy kings, partidas e chegadas, imigrantes e emigrantes, aeroportos, noitadas, pictionary-trivial e monopoly e tantas outras coisas.
e este ano o 1º dos jantares de natal – 24 – não será passado assim, são as vicissitudes do amor e da insularidade. pela primeira vez não passo a noite de 24 com a minha família e, pior que isso, não passo o natal com quem sinta toda a imensidão da época. e custa-me. apercebi-me agora que estou na merda por isso.
apercebi-me também que o meu relógio biológico funciona em torno de duas estações: ora é verão, ora é natal, o resto é conversa e serve para passar o tempo.
até pró ano*

charters

chineses vêm, professores vão.


perversidades da globalização?

22/12/2011

Natureza

Porque não há nada mais surpreendente nesta vida que a própria Natureza, porque o tema "What a Wonderful World" reflecte essa mesma certeza e porque ninguém melhor que o Attenborough para nos lembrar nesta época natalícia aquilo que é mesmo importante.

estimem-na.

21/12/2011

encher chouriços

calô é este? 'tou agoniada e de janela aberta!


postadas cada vez menos frequentes, mas cada vez mais interessantes... sempre a considerar.

19/12/2011

já vi este filme antes

isto do conselho de ministros ao domingo faz-me lembrar os mancebos que antes de saírem às 17h30 programavam o outlook para enviar e-mails de trabalho às 2h da manhã.



e também acho que foi a justificação que arranjaram para se juntarem todos à mesa com catering e comemorarem a época natalícia sem que fossem criticados por isso.

16/12/2011

sim vamos dar todos as mãos, dentro do possível

então já viram a última pérola do nosso grande timoneiro?

a mensagem da presidência??? ide, ide!

http://www.presidencia.pt/?idc=37&idi=60286

e façam o favro de não serem felizes, sim? mas só dentro do possível.

*e já agora tenham em atenção aos segundos 0:53 e seguintes quando a cavaca começa a falar e o cavaco continua em surdina a ler o teleponto

13/12/2011

sapos verdes

confesso-me dividida entre dois mundos. é habitual, mas neste caso com a particularidade de ser algo que desde há muito me perturba ao ponto de ser minar relacionamentos pessoais e profissionais. falo de racismo.
eu sou dos açores e, que saiba, nos açores não há racismo, ou pelo menos não havia enquanto por lá andava. o racismo tem de vir de algum lado, de uma qualquer ideia pré-concebida em relação a alguém ou a um grupo em particular, de uma má experiência ou, frequentemente, de educação ou falta dela. nos açores vi o primeiro preto tinha eu uns 12 anos. foi pois com curiosidade que lhe perguntei se ele apanhava escaldões no verão. pois, eu sou desse tipo de tesourinhos deprimentes, é característica que levo comigo para outra encarnação. chineses? só muito mais tarde. ciganos? mais tarde ainda. não desenvolvi qualquer tipo de preconceito nem qualquer tipo de fascínio em particular, foram na maior parte das vezes gentes como tantas outras com quem me cruzei na vida ou no passeio. nada mais.
apesar disso sempre senti cá dentro uma qualquer dorzita ao menor comentário racista e de alguma forma sempre o tentei contradizer sem querer parecer reacionária –  espécie que me é muito pouco apelativa. não gosto, pronto. tenham paciência. fui vivendo bem com esta maneira de estar até há bem pouco tempo. mas agora nem por isso e partilho convosco as minhas incertezas.
desde que regressei a lisboa tenho sentido um crescente domínio dos racistas delicados. todos nós sabemos quem são. são normalmente aqueles que não sendo fundamentalistas, dizem que não são racistas e que até têm uma amiga ou empregada preta (mais ou menos como a cena de ter um amigo gay – sounds familiar hum?), mas que não perdem a oportunidade para um comentário qualquer jocoso acerca do colega que não compreendeu a tarefa «’táva-se mesmo a ver,  é preto (!)», right. esta atitude tenho visto amiúde nas minhas relações pessoais e profissionais e já me tem levado a sair abruptamente da sala (desculpem eu bebo muito chá e depois é uma chatice que tenho de ir 50x à casa de banho) ou, quando em ambiente mais pessoal, a confrontar o racista delicado até que ele fique sem argumentos e me mande pastar longe. ok, eu vou, mas vou com a razão.
mas o que me perturba por esses dias é o generalizado sentimento de antipatia e até algum ódio face aos ciganos. já os defendi, mas agora não sei o que faça, porque começo a sentir-me diferente face aos ciganos e temo que esse racismo me tenha contagiado. nunca tive grande contacto com grupos de ciganos e nunca tive razão de queixa dos mesmos, até há cerca de dois anos quando fui morar para a margem sul (vá, estremadura) e comecei a ver o efeito provocado pela passagem de comunidades ciganas. os pequenos furtos e fraudes, o medo que assomou aos locais, os cães e cavalos com costelas à mostra e feridas a gangrenar e o lixo. amigas, o lixo. não há coisa que me irrite mais que lixo no chão, deus se soubessem. não há habitante local que não tenha uma qualquer história para contar acerca de um mau cruzamento que já tenha tido com um cigano e a verdade é que até eu começo a ter algum receio, por exemplo, de ir correr em determinadas zonas onde sei que eles estão.
e é neste paradoxo que me encontro: entre a humanidade de sentir que somos só um, excepto os ciganos.

12/12/2011

heaven is a place on earth with you

.:Lana Del Rey: video games:.

simples e arrebatador. uma menina com voz. uma menina bonita demais para a sua timidez. uma menina que faz canções. e o que eu adoro canções.

06/12/2011

panties & boots

Very fáxonista, a lot. Saia, meioca cor-de-vinho, mas não das opacas, e botinha de cano alto lá vai ela fresca e não tão segura (as botas são de salto) a caminho do ginásio. Transpira pelas gordurinhas que não perde nem por nada e depois de um merecido duche percebe que não levou uma cuequinha para a troca. Esqueceu-se na maloca no trabalho. Não faz mal, pensa. Quando voltar ao trabalho veste a cuequinha e toca a despachar, vai assim mesmo à cowboy com a meioca transparente sobre a dita. Corre o fecho de uma das botas e na segunda entala-o a meio. Força para cima e para baixo, mas não cede e nem sequer está numa posição que permita descalçar e atacar o fecho por outro ângulo. Está mesmo preso.

Já menos fáxonista - isto de ir com bota de cano alto aberta e sem cueca rua fora arrefinfa a frescura de qualquer uma - vai ao sapateiro que felizmente até fica por perto. Momento mais difícil do dia: o sapateiro tem sérias dificuldades em abrir o fecho. Tenho de me sentar num banco alto e esticar a perna para o ajudar. Pormenor: sem cueca.

Depois de quinze minutos de perna esticada e humilhada aé ao pintelho mais comprido, cá estou. Fáxonista de 2ª categoria pronta para mais um tesourinho deprimente.

S.O.S. TVI

Socorro, tenho hóspedes em casa e ontem quando cheguei, já passava das 22h, a minha televisão descansava na TVI. Pior: na casa dos degredos*. Acho que nunca lhe tinha acontecido tal tragédia, coitada. Fui-me deitar sem sequer inteirar-me da saúde da mesma e hoje saí sem lhe tirar os sinais vitais, mas acredito que possa ter sido afectada.



* É impressão minha ou aquilo é tudo cor-de-rosinha e azulinho???

05/12/2011

bonito

bonito é a solidariedade feminina na atitude faz de conta que não 'tou a ver nada das mulheres que sabem perfeitamente que acabámos de fazer o buço e falam connosco como se o vermelhão em cima do lábio superior não as impedisse de olhar-nos nos olhos.