Carnaval da Madeira - eu vou!

Cambada de povo este que não perde a oportunidade de dar um chuto no seu próprio cu. Não perde a oportunidade de mostrar a sua ignorância, a estupidez, de se mostrar vingativo e ter olho para o outro, mas ser cego ao espelho.

Vamos todos agora falar mal do Alberto em coro, falar mal da Madeira e dos Madeirenses, proferir palavras ocas relativamente ao nosso dinheirinho mal empregue ali no meio do oceano, entre tantas outras merdas que agora se ouvem. Assim de repente, agora que não existem temporais assassinos para sentirmos todos peninha por parte de um povo que também é nosso, vamos todos ostracizar quem dali é. Vamos todos fingir que não sabíamos de nada porque foi tudo muito bem escondidinho, aqueles sacaninhas lá da ilha são tesos (!), estava bem longe da nossa vista – mas nunca do curação – e além do mais é uma situação que nos é tão estranha e tão filha da puta que nunca imaginámos ser possível num país tão belo, organizado, e bom gestor como o nosso. Bora lá. Bora lá em reflexão colectiva apontar o dedo aos 20 estádios da Madeira, a 3 ou 4 túneis que servem meia dúzia de gente lá da ilha, e à marina deixada ao abandono, pela merda em que nos encontramos. Bora. Esqueçamos que aqui há dias, quando as modas eram outras, falávamos todos mal do aeroporto de Beja, de auto-estradas desertas, de parcerias público-privadas desastrosas, de luxos políticos entre tantas outras coisas que agora nem me vêm à memória.

É bom que tenhamos finalmente percebido o problema deste país. Ainda melhor que ele seja geograficamente tão circunscrito e afastado do resto deste povão. O problema está, parece agora óbvio, na autonomia regional. Eu, que ‘inda há dois ou três dias atrás espantava-me com um novo pavilhão multiusos em Porto Covo, estou só admirada que ainda não tenham descoberto o buraco nos Açores, que o há certamente, mas sou totalmente a favor da disseminação de pavilhões multiusos por tudo que é terrinha, pois o povão bem precisa destas estruturas para alugar (com sorte) à IURD.

Quero que se fodam todos aqueles que nunca procuraram saber mais. Bestas. Todos aqueles que nunca procuraram conhecer o espírito insular. A humidade impregnada no osso. O Jornal diário no dia seguinte. A inexistência de rádio, de televisão. O esquecimento. A Paz. Todos aqueles que nunca procuraram saber o porquê da autonomia. Todos aqueles que não compreenderam que existem outras autonomias para além das regiões autónomas. Todos aqueles que não sabem que as regiões autónomas, à semelhança das autarquias locais, têm no seu orçamento receitas provenientes do orçamento do estado e receitas próprias. Todos aqueles que não relacionaram o buraco madeirense ao buraco do país e invejaram não ter o calor, o mar, o carnaval e as bananas da Madeira.     

(e não me venham cá com merdas que eu sou amiga do jardim que eu não posso com o homem!)