09/07/2012

(Já) em modo defensivo

Sabendo de antemão o que aí vem [carradas de blasfémias a este credo do funcionário público] resta apenas começar a pensar em medidas alternativas às que o governo certamente já tinha em manga caso se verificasse este cenário da inconstitucionalidade – ah e tal julgam que estes gajos estão a dormir? As continhas estão feitas hácanos!

Eu tenho uma. E é rápida. Basta implementar e fazer com que funcione grande parte dos regimes que já foram criados para inglês – ou será alemão? – ver e o resultado pode ser uma agradável surpresa. Mobilidade e avaliação. Há muito funcionário público sem fazer nenhum? Verdade. Há muita entidade a queixar-se que não tem mãos a medir e faltam-lhe recursos? Verdade. E o que fazem para colmatar essa falha? Outsourcing, pois é. A quem? Empresas de trabalho temporário e consultoras, vão por mim são contratos que valem milhões por ano (assim, tipo a lot de milhões). E transferir o pobre funcionário que está sem fazer nada e até tem qualificações e experiência para fazer aquele trabalho? Upa upa ninguém sabe bem como é que aquela coisa da mobilidade funciona e tal e depois é uma chatice porque nunca se sabe o que nos sai na rifa. Pois, pois, porque quando se contrata fora é tudo de excelência, né?

E depois há aquela coisa do funcionário público que não faz nada e falta todas as semanas e vem trabalhar bêbado e a lei protege-o e tal, e que se fosse na privada já estava despedido [a receber RSI muito provavelmente] e coiso e tal. Chefes deste mundo e arredores (by the way, uma década de trabalho na administração pública levam-me a crer que uma boa parte das chefias vem do sector privado [consultores ahahaha], nomeados por compadrio daqueles que criam as comissões especiais para fiscalizar as nomeações públicas e com regimes apertadíssimos de nomeação e coiso), dizia, chefes deste mundo e arredores existem meios, mecanismos, vá, sistemas que podem “entrar em produtivo” e que permitem avaliar negativamente os seus fiéis súbditos quando não se comportem à altura. Existem também meios, mecanismos, vá, instâncias que podem fiscalizar baixas fraudulentas e – pasmem-se – os funcionários públicos podem e DEVEM ir passear verificando-se fundamento para tal. A tal década mostrou-me que as chefias estão-se nas tintas para a avaliação – dão sempre por cima para não se chatearem – e jamais considerariam a abertura de um processo disciplinar ao funcionário bêbado que dorme durante o horário de expediente. Jamais.

E se pensam que esta medida tem um impacto muito pequeno no orçamento de estado, desenganem-se. Vão muitos milhões por ano na má gestão dos recursos humanos existentes.

2 comentários:

  1. o problema da mobilidade é que há famílias que vão entrar em insolvência se for posta em prática. Se um FP for despachado para muito longe, e tem cônjuge sem a possibilidade de o acompanhar, é outra renda de casa. Se o casal puder fazer malas, não consegue vender a casa e amortizar o que ainda deve. Porque neste país andou-se anos a carregar ao colo os bancos, incentivando a compra de casa pelos particulares, e assim varrendo para debaixo do tapete o grave problema que está criado no mercado de arrendamento, com os congelamentos feitos por via legal. Ou seja, com que lata o Estado-patrão, que como Estado-legislador, contrubuiu para este estado de coisas, pode dizer a alguém para fazer as malas que é mais preciso em Beja que em Lisboa?

    Quanto ao segundo ponto, completamete de acordo. Aliás é desincentivado apresentar queixa ou participar seja do que for. Uma vez, há muitos anos, reportei uma situação completamente anómala, e ainda acabei eu a levar nas orelhas. De forma meiga e pedagógica, mas sim, fui censurada. Piretes.

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    1. Tens razão Izzie, mas repara que o regime de mobilidade não se resume a alterações geográficas, antes pelo contrário, opera (ou devia operar) em grande parte na movimentação de pessoal entre entidades (umas com excedentários e outras em défice). Mas na verdade ninguém sabe como é que aquilo funciona! criou-se um regime que é quase impraticável. E é, como bem sabes, um regime relativamente recente que teve como principal motivo uma melhor gestão dos recursos existentes na administração pública.

      Também já tive duas situações em que me quis queixar de funcionários bêbados, faltosos, entre outras coisas, mas cortaram-me logo as perninhas. Não compreendo, a sério!

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